FILHOS? MELHOR NÃO!

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Em entrevista ao Jornal de Londrina, a psicóloga, terapeuta e coordenadora de curso no Instituto da Família na FTSA, Carla Cramer, fala sobre a decisão de casais que não querem filhos… Confira a matéria!

FILHOS? MELHOR NÃO!
Matéria publicada no Jornal de Londrina por Erika Pelegrino

Três meses depois de começarem a namorar, Gracieli Coelho e Itamar Oliveira decidiram morar juntos. A jovem, então com 20 anos, colocou uma condição: “nada de filhos”. Com 23 anos, o rapaz queria filhos, mas diante da decisão da namorada tentou empurrar a decisão para o futuro. “Quem sabe quando tivermos a vida financeira estável?” Quatorze anos se passaram, ela se tornou jornalista, ele virou empresário e a vida financeira está estabilizada, mas a decisão de não ter herdeiros não mudou. Hoje, Itamar é tão contundente quanto a companheira: “filhos, nem pensar”.O casal tem cada vez mais pares nessa decisão. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no período de 2002 a 2012 houve redução do peso relativo dos arranjos familiares constituídos por casais com filhos (de 52,7% para 45%) e, consequentemente, aumento dos casais sem filhos (de 14% para 19%).

Se Itamar já desejou filhos, Gracieli nunca teve dúvidas. “Já nasci não querendo filhos. Quando era criança, minha mãe conta, ficava muito triste quando me davam boneca de presente de aniversário.” As razões dela não estão relacionadas às estabilidades financeira e profissional ou ao medo de perder a liberdade. “Não me vejo no papel de mãe. Acho que, antigamente, era fácil desempenhar essa função, parece que as crianças e os jovens respeitavam mais os pais. Hoje vejo que só querem gastar, ir ao shopping, sair com amigos.”
Já para o casal formado pelo administrador de empresas André Luiz Santana, 37 anos, e Cláudia Santana, 35 anos, o balizador da decisão foi a questão financeira. “Não queríamos filho único. Nós dois não temos irmãos e achamos que criança tem de ter irmão. E sustentar duas crianças hoje em dia, com escola particular, roupas, cursos e tudo o que acreditamos importante seria impossível. Então, preferimos não ter filhos”, afirma André.

Pior para mulheres
A psicóloga Maria Luiza Jorge, 46 anos, também decidiu não ter filhos e diz que não sente falta. “Não fica vazio nenhum. A mulher desempenha muitos outros papéis além do de mãe: profissional, amiga, companheira, irmã”, enumera.
Ela conta que a cobrança por esta decisão é sempre maior sobre as mulheres e vem também muito mais das próprias mulheres. “As mulheres em geral não compreendem como outra mulher vai se sentir completa sem filhos.”
Com tempo, diz, as pessoas param de questionar. “Elas continuam sem compreender a decisão, mas se conformam.”

Preconceito
A psicóloga, terapeuta de casais e famílias e coordenadora do Instituto da Família na Faculdade Teológica Sul Americana (FTSA), Carla Cramer, afirma que, ainda, há muito preconceito com casais que não querem filhos. “A crítica é decorrente de visões equivocadas que ainda existem, como achar que são pessoas egoístas, que serão solitárias na velhice, que não gostam de crianças, entre outras.”

Ela acrescenta que a decisão de ter filhos não pode, também, estar pautada nessas cobranças. “Os filhos precisam existir antes em nosso desejo. É uma escolha que exige reflexão do casal, o que, muitas vezes, não ocorre. Hoje, tem-se filhos porque é o que todos fazem ou esperam que se faça.”
Como saber se você está preparado para ter filhos

Se a decisão de não ter filhos, aparentemente, é mais discutida entre o casal, por fugir de um comportamento esperado por todos, na maioria das vezes não é refletida em profundidade. A psicóloga e terapeuta de casais e famílias Carla Cramer aponta algumas perguntas que o casal deve se fazer na hora de fazer essa opção:
1) Eu quero ou eu preciso?
2) O que percebo em mim que me qualifica para ser um bom pai ou mãe?
3) O que posso ensinar?
4) O que posso aprender com um filho?
5) O que talvez preciso desenvolver, ao longo do tempo, para ser bem sucedido(a)?
6) O que é ser bem sucedido(a) nesse papel?
7) Que mudanças precisarei implementar em minha vida para que este filho tenha espaço, atenção, cuidado e afeto para seu bem estar físico e emocional?
8) O meu relacionamento conjugal vive um momento de satisfação e equilíbrio no qual a vinda de um filho virá para aumentar a felicidade?
9) Ou o projeto filho se relaciona com alguma insatisfação nessa área?
10) E como vai a minha relação com a minha família de origem?
11) Eu realmente quero um filho ou sinto que tenho que dar um neto aos meus pais?
12) E eu, como pessoa, como estou?
13) Percebo a minha vida como gratificante e com sentido?
14) Consigo me ver cuidando de alguém, de inúmeras formas diferentes, ao longo de muitos anos?
15) Como me sinto quando estou sozinho(a), sou uma boa companhia para mim mesmo(a)?
16) Me sinto inteiro(a) ou metade que está sempre em busca de outra metade (parceiro, filho)?
17) Como encaro o envelhecimento?
18) Penso no envelhecimento, faço planos ou faço de conta que nunca vai chegar?

CARLA CRAMER (CRP 08/05097) é psicóloga, terapeuta e coordenadora do curso Especialização: Formação em Terapia de Casal e Família no Instituto da Família – FTSA.

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