Workshop Internacional Mona Fishbane
18 de maio de 2015O terapeuta familiar e a saúde humana: uma visão sistêmica e complexa
11 de dezembro de 2015Acredito que em qualquer terapia, seja – individual, de casal, família ou comunitária – a meta é o crescimento e a transformação do indivíduo ou do sistema. A concepção sistêmica vê o mundo na forma de complexos elementos colocados sob influências mútuas nas relações e procurando integrações de forma dinâmica.
Assim, na minha visão o objetivo da terapia é: Estimular cada terapeuta, cada indivíduo, cada membro da família, do casal a expandir o alcance de suas experiências de vida e se desenvolver num fluxo contínuo de pertencer e individuar. Para isso é preciso ficar atento para não encaixar os casais, as pessoas na teoria que se segue. Isso não é aconselhável.
É bom lembrar que a metodologia que se estuda é apenas uma entre tantas outras e que representa apenas a visão de uma parte dentro do sistema universal. Não generalizar é fundamental porque cada casal tem histórias passadas, presentes e futuras diferentes. Cada experiência é única. Se encaixar o outro naquilo que se segue, a grande pergunta a fazer é: Como é que todos começam como seres originais e terminam como cópias?
Em qualquer terapia a realidade do terapeuta se põe dentro do processo do cliente, mas é preciso destacar que embora terapeutas e clientes estejam no mesmo contexto é possível exercitar uma consciência diretamente envolvida e ao mesmo tempo destacada do processo de cada um. Na psicoterapia como na vida, há alguém que observa alguém que é observado e ambos atuam como observadores de si mesmos. É logico que como terapeutas somos agentes do processo terapêutico, mas somos também coparticipantes associados ao trabalho.
A individualidade tanto do terapeuta quanto do cliente faz parte de um processo interior, mas também é um processo objetivo de relação com o outro, um tão indispensável quanto o outro. Os casais que procuram Terapia de Casal entram na terapia com a expectativa de renovar seu relacionamento naquilo que se refere ao estilo da cultura ocidental na qual estão inseridos. Precisamos ficar atentos para deixar que cada individualidade se manifeste, que cada indivíduo tenha seu espaço, mas visando a construção do NÓS. A dança do “eu e o parceiro” é uma dança saudável entre os dois, o movimento próprio do casal, isso se não quiserem engolir ao outro ou viver cada um isolado do outro. O outro pode até ser complementar, mas não é igual a mim.
Se acreditarmos que uma terapia é sistêmica, acreditamos que deve incluir intrapsíquico para assim ter uma visão melhor do todo. Sem consciência do que se passa não haverá transformação-aprendizado-enriquecimento. Saber fazer uma condução pessoal ou profissional dos problemas não é uma qualidade, é um processo relacional. Quando se está trabalhando com um casal também está se lidando além dos processos relacionais com as crenças, habilidades e significados de cada um e na relação.
Em qualquer terapia ou psicoterapia, de formas diferentes é claro, existem três fases distintas:
Desconstruir – a história problemática que está criando a paralisação. O que está acontecendo? Qual a origem disto? Qual a herança?
Reconstruir – abrir para novas alternativas e assim criar uma nova relação com a queixa. Qual o valor que se dá aos eventos? Orientar para a finalidade. Para que?
Consolidar – uma nova visão da situação para passar a viver de forma nova a história da relação conjugal ou familiar. Parece ser necessário viver a diferença dentro da unidade conjugal para chegar à verdadeira união.
Porque se a relação conjugal for valorizada, somente quando proporciona uma sensação de bem estar, não se tem a força interior para enfrentar as experiências difíceis, mas, se aprendermos a valorizar a união conjugal por causa das oportunidades que oferece para o desenvolvimento e crescimento de cada um, então o relacionamento conjugal estará apoiado numa base mais sólida.
Para que tudo isso aconteça cada terapeuta, como bom profissional deve estudar muito, muito e muito e deve estar aberto para o conhecimento de si mesmo e do outro.