A maternagem em tempo de distanciamento social – Instituto da Família – FTSA

A maternagem em tempo de distanciamento social

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A maternagem em tempo de distanciamento social

REFLEXÃO – Em tempos de coronavírus – 

Propomos aqui mais que respostas, reflexões. Iniciamos lançando a pergunta: como desenvolver a arte de ser mãe em tempo de distanciamento social?

Contextualizar se faz necessário, se desejamos um olhar mais esperançoso sobre o momento em que vivemos. Assim, propomos substituir as palavras “isolamento social” por “distanciamento social” pois, não estamos isolados, mas apenas num distanciamento seguro.

Neste espaço e tempo podemos exercitar nossa cidadania e solidariedade.  Cuidamos de nós, enquanto cuidamos do outro. Neste espaço seguro, temos a oportunidade do contato com nós mesmos, de modo muito particular e especial.  Podemos nos aproximar de nossos familiares, parceiros, amigos e colegas de trabalho, usando de todo o aparato tecnológico que temos ao alcance e que encurta as distâncias. Podemos redefinir o momento como um tempo de distanciamento social para contatos seguros e cuidadosos.

O novo contexto requer respostas originais, isto é, funções e ações novas, exigindo um ajuste e um redefinir de padrões, valores e crenças até então, negligenciados por uma rotina desenfreada, atividades movimentadas para fora de casa, do nosso lar, por conseguinte, da nossa família.

Estamos frente a um momento complexo, a um universo aberto, novo, desconhecido que nos gera incertezas e dúvidas: Até quando? Quanto tempo? O que fazer? Como fazer? Qual será o cenário após tudo isso?

Poderemos enfrentar às demandas deste contexto nos vitimando e, olhando como se fosse uma tragédia, algo tenebroso e desesperador, que provavelmente nos levaria a um estado próximo da loucura, povoado por medo, pânico, descrença, desesperança, solidão, depressão, pânico, estresse; um estado de sentidos que congela nossas ações, bloqueiam nossa espontaneidade e criatividade. Segundo Moreno,  criatividade que todas as pessoas são dotadas e que, geralmente, são despertadas em momentos novos ou em situações  antigas que exigem respostas novas.

Contudo, podemos escolher trilhar um caminho de novas aprendizagens, que nos proporcionam bem-estar e tranquilidade, nos aproximando da saúde emocional. Isso será possível se usarmos dos nossos recursos internos como espontaneidade e criatividade. Saindo dos padrões, muitas vezes pré-estabelecidos por nos mesmos, outras vezes por valores e crenças sociais e religiosas. Flexibilizar as conservas culturais nos possibilita estar adequados ao momento, nos alerta Moreno.

A teoria do psicodrama nos diz que para cada papel tem um papel complementar, esses se retroalimentam, se influenciam mutuamente, um não existe sem o outro. Na teoria familiar sistêmica falamos que ao mesmo tempo que somos causa somos efeito, influenciamos e somos influenciados. Logo, não teremos mãe se não tivermos filho. Se um muda, o outro mudará. Esta premissa, fortalecida pelo nível hierárquico da mãe sobre o filho, poderá dar um poder maior de interação saudável, de possibilidade de mudança nesta relação mãe e filho. Mas, essa díada esta imersa numa família que traz no seu bojo seus valores, padrões de relacionamento, normas e rotinas rígidas, ou com abertura para os ajustes.

Frente ao contexto, “fique em casa”, vale questionar: a) As tarefas de rotina foram reajustadas ou está sobre a responsabilidade da dona da casa (também mãe, mulher, profissional etc)? – As pesquisas já mostram um impacto de sofrimento maior sobre as mulheres; b) As normas eram claras e respeitadas ou não existiam e agora estão potencializadas no desrespeito?; c) A comunicação, o diálogo, o estar junto, como era e como está?  – Em que sabemos que a ideologia do “ter“ é mais forte do que o “ser” fazendo muitas vezes, nos afastar da intimidade familiar; d) Como esta família lidava e lida com a comodidade e a tolerância a frustração, com o controle, o compromisso com o sucesso e com a pressão do desempenho perfeito? – Se estamos nos sentindo impotentes é porque lidamos com as situações da vida de modo onipotente e, em fim, o que é essencial para seu filho, como a saúde mental ou o dar conta de todas as tarefas escolares; a formação de valores ou o saber dos conteúdos, muitas vezes é descontextualizados. Inclua na sua reflexão que a escola também esta lidando com o novo e desconhecido.

Considere não dar respostas prontas ao seu filho, faça perguntas e você se surpreenderá com as respostas, dê espaço para o novo e incerto sem medo de mudar, de ser feliz! Lembre-se, ser mãe é uma arte. O artista cria e recria do nada, renova, re-significa, se redescobre, se reinventa para isso é necessário ser resiliente, se cuidar, entrar em contato profundo com sua essência criadora que se conecta com o Criador. Tenha um minuto de silêncio para você se escutar, escutar seu coração! Você estando bem, poderá fazer a diferença na vida do seu filho, da sua família e da comunidade. Seja apenas potente, faça apenas o possível que, o impossível poderá acontecer!

Anadir Thome Oliari – Psicóloga. CRP 08/0707. Curitiba, PR.  Mestre em Educação. Terapeuta Familiar. Docente convidada Especialização: Formação em Terapia de Casal e Família

 

Referências
MORENO, Jacob L. Psicodrama. 2a.ed, Sao Paulo: Cultrix, 1978
MORIN, Edgar. Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios, Sao Paulo: Cortez, 2002.
……….. O método 6. ética. Porto Alegre: Sulina, 2007
OLIARI, Anadir L. Thome. ACONSELHAMENTO: construindo relacionamentos significativos. Curitiba:  Eden, 2008.

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